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Mostrando postagens de junho, 2017

Pesquisando a inteligência - não devemos temer o passado

  O que é inteligência? Você já parou realmente para pensar nisso? A maior parte do que nós sabemos sobre inteligência está errada. Esse é o consenso entre cientistas cognitivos que pesquisam sobre aspectos da inteligência humana e animal. A pesquisa e o ensino em inteligência devem ser reformulados para que possamos de fato entendê-la. A inteligência é definida no dicionário Aurélio como “ Conjunto de todas as faculdades intelectuais (memória, imaginação, juízo, raciocínio, abstração e concepção) .” Note que a definição engloba diversas habilidades cognitivas conhecidas, na psicologia, como funções executivas , que seriam atividades, por assim dizer, mais humanas. Apesar de termos um entendimento razoável a respeito da inteligência, a pesquisa nessa área ainda está caminhando a passos curtos devido a alguns problemas, principalmente de cunho histórico, social e acadêmico. É o que foi discutido num editorial da revista Nature do mês passado, intitulado “ Intelligence resea

A Sexta Extinção

Texto por: Bruno Hech Dominski, João Victor Krüger e Kathleen Yasmin de Almeida Quando se fala em extinção, o que vem na sua cabeça?      Você pode pensar em espécies-bandeira da conservação, como mico-leão-dourado e onça-pintada, ou então nos famosos dinossauros, que são parte do nosso cotidiano desde apelos cinematográficos até iconografias na moda, brinquedos... O ponto é que esse é um conceito apresentado para nós desde cedo, uma criança com sua pelúcia de T-rex tem noção que esse animal não existe porque foi extinto, seja lá o que isso signifique.     Na história da Terra ocorreram 5 grandes extinções, com causas variadas,  desde erupções vulcânicas até meteoros atingindo o planeta. Mas o que está em debate hoje em dia é a existência de uma sexta extinção em massa, que ocorre, veja só, atualmente e por culpa do homem.     Para saber se o que o homem provocou e provoca pode ser considerado uma extinção em massa, foi feito um trabalho comparando taxas de extinção norm

Pegadas de Laetoli: um passo na evolução humana

Texto por: Eduarda Muccini, Maysa Almeida e Gabriela Oms     O que é evolução humana? Evolução nada mais é do que um processo lento de alterações físicas e comportamentais, ou seja, os organismos partem um ser mais simples que ao passar do tempo sofre modificações. Processos esses, que todos os seres vivos passam, desde nós seres humanos até as plantas. Porém, existe um pensamento acerca desse tema que muitas vezes gera mais questionamentos as pessoas que pouco conhecimento possuem nesta área. Quando você para e pensa sobre a evolução humana, que imagem vem a sua cabeça? A maioria das pessoas imagina aquela imagem que parte de um “macaco” quadrúpede que ao passar do tempo vai se erguendo até chegar em um humano ereto, com pouco pelo e bípede. Esse pensamento está completamente errado!  Diagrama comumente usado, porém não é correto. Fonte: web .     Hoje já é comprovado que algumas espécies de hominídeos coexistiram juntas, como Homo sapiens e Homo neanderthalensis

A megafauna brasileira do Pleistoceno

Texto por: Geisel Oliveira e Luciana Ingrid Farias     Na época geológica chamada de Pleistoceno, viviam aqui no Brasil, um conjunto de animais de grande porte (mais de 44kg), que hoje são denominamos de megafauna do Pleistoceno. Essa época durou aproximadamente de 2,5 milhões de anos até 11 mil anos atrás e foi marcada por uma grande instabilidade climática.  Por milhões de anos, as faunas da América do Sul e da América do Norte tiveram caminhos evolutivos independentes até que, há aproximadamente 3 milhões de anos, ocorreu a formação do istmo do Panamá. Este evento possibilitou a imigração de espécies entre as Américas do Sul e do Norte. Chamamos este marco de O Grande Intercâmbio Americano (Figura 2) e é essa fauna já “misturada” que viveu aqui no Pleistoceno. Figura 1 . Representação da Megafauna de mamíferos do Pleistoceno. Preguiça gigante Eremotherium laurillardi (A); Tigre dente de Sabre Smilodon populator (B); Urso Arcthotherium wingei (C); Semelhantes aos tatus o

"A Era do Gelo" sob o olhar de um paleontólogo

Texto por:  Sophia Cassol, Thais Macedo e Vivian Fragoso     A “Era do Gelo” é uma animação fictícia, no entanto inspirada na realidade. Muitas crianças (e até adultos) talvez não saibam que um dia a Terra já foi como mostra o filme. Na verdade, a Terra passou por muitos momentos em que estava bastante coberta por gelo. Períodos longos com temperatura média baixa são conhecidos como glaciações. Ao longo da história geológica quatro glaciações foram registradas: Glaciações Paleoproterozóicas (2,3 bilhões de anos), Glaciações Neoproterozóicas (cerca de 700 milhões de anos), Glaciações Paleozóicas (400 a 200 milhões de anos) e Glaciações Quaternárias (2,5 milhões a 10.000 anos), da qual faz parte a glaciação do final do Pleistoceno.     A Era do Gelo, ou glaciação do final do Pleistoceno, foi a última glaciação da Terra. Nesta época, grupos de animais atuais já existiam, incluindo os humanos. Os protagonistas da “Era do Gelo” fazem parte de grupos bastante conhecidos pelos paleont

Gigantes pré-históricos: revisitando grandes fósseis

Texto por: Bruno Tavares, Maria Eduarda de Melo Vieira e Matheus D’avila Schmitt     Paleontólogos são os profissionais que estudam os fósseis - que nada mais são que restos ou vestígios de seres vivos deixados nas rochas. Dentre muitos registros de animais antigos que se têm os fósseis gigantes sempre chamam muito a atenção e despertam curiosidade de quem os vê. Sendo assim, falaremos um pouquinho de alguns deles.     A vida começou a deixar os mares e invadir a terra na Era Paleozoica - Período Siluriano, quando ocorreram então os primeiros registros fósseis de plantas e artrópodes terrestres. Dentro do grupo dos artrópodes, os insetos tiveram sua origem no Período Devoniano e diversificaram-se em mais grupos (como “libélulas” e “lacraias”) no Carbonífero.     Nos períodos finais da Era Paleozoica - Carbonífero e Permiano, há um notável registro fossilífero referente aos insetos que habitavam o planeta em tal época. Se compararmos esses fósseis com os insetos que conhecem

Antigos Relacionamentos

Texto por: Andressa Estrella, Fellipe Alborghetti e Thayza Melzer     Como podemos saber se dois seres faziam parte de uma mesma relação ecológica no passado? Atualmente, na natureza, é possível estabelecer tais relações a partir da observação direta, sabemos que os organismos que vivem em um mesmo ecossistema podem interagir entre si e que o nível dessa interação pode ser variado. Porém, se tratando de paleoecologia, no caso desse texto mais especificamente do Período Triássico (251-199 milhões de anos atrás), ela trabalha mais com inferências do que com informações diretas e as hipóteses de relações ecológicas são analisadas a partir de analogias com comunidades atuais.   Para determinar padrões de relações ecológicas entre dois organismos é fundamental conhecer outros elementos, como plantas e demais organismos, além do ambiente e do clima da época. Uma importante ferramenta para isso é a tafonomia. A tafonomia é o estudo de como se forma um fóssil, e pode ser utilizada pa

Como NÃO explicar uma extinção em massa

Texto por:  João Victor Pereira, David Leiroza, Luisa Gonçalves e Artur Espindola Você já se deparou com uma pergunta do tipo “Como os dinossauros se extinguiram?” ou “como uma extinção pode matar tantos seres vivos?” Aprenda a não responder errado.     Uma prática muito comum hoje em dia é a da vasectomia. Parece ser algo relativamente recente que se desenvolvera com a ascensão das tecnologias. A vasectomia aparentemente é uma prática extremamente velha e perigosa, podendo ter sido um dos fatores da extinção dos dinossauros. Nesse caso ela não teria sido feita por médicos, mas sim com o aumento da temperatura no final do cretáceo que fez com que a temperatura ótima para o desenvolvimento das gônadas fosse ultrapassada e, como sabemos que os grandes répteis eram de fato grandes, ficaria difícil dissipar todo esse calor acumulado. Além disso, outra coisa que também é comum ao ser humano e aos dinossauros é o uso de plantas com substâncias psicoativas, muitas vezes gerando overd

Você sabe como se forma o petróleo e o carvão?

Texto por: Karla Oliveira Ortiz, Matheus Reck Dutra e Tamiris Porto da Cunha Petróleo     O petróleo, essa substância tão utilizada hoje em dia para geração de energia, levou milhões de anos para ser formado. Este recurso é originado da decomposição de plâncton, a qual deve ocorrer na ausência de oxigênio e passar por processos de alta temperatura e pressão por milhares de anos para que o líquido preto composto por diversos hidrocarbonetos possa ser formado.     Os dois momentos de maior acumulação de petróleo são os períodos que compreendem o Ordoviciano e Siluriano entre 500 e 400 milhões de anos e nos períodos Jurássico e Cretáceo entre 195 a 65 milhões de anos. Durante esses períodos houve o aumento do nível do mar fazendo que o fitoplâncton se acumulasse e ao morrer obtivesse as condições necessárias à formação do petróleo (ver figura 1).     No Brasil existe o Pré-sal, ele é composto por rochas marinhas com capacidade de acumular petróleo, é assim chamado, pois e

Deslocando registros: memórias póstumas do viver

Texto por: Ana Lara Schlindwein, Barbara Baccin dos Santos, Gabriela Mafra de Araújo e Lina Ribeiro Venturieri     Era um dia qualquer em uma cidade grande, prédios altos e estreitos em meio a um cruzamento rodoviário. A atriz Grace Kelly, em um daqueles filmes em que contracenava com Bing Grosby, está em cartaz no cinema de quatro estrelas. Daquele letreiro, escrito em inglês, emana luz. O dia era cinza, porém úmido, o que possibilitava ver as gotículas de água pelo chão polarizando as luzes artificiais. Choveu, feliz aquela ali com guarda-chuva. Menos feliz está o senhor, quem o frio não aguentou: desmaiou. Então, eis a polícia, quatro uniformizados para tirar o corpo do local.    Foto de: Vivian Maier, Rua 4 (Street 4), Nova Iorque 1955.     A situação na qual a foto de Vivian Maier foi feita, na Nova Iorque de 1955, não conhecemos. Porém, mesmo não sabendo dessas poucas informações, o registro da fotógrafa estadunidense nos dá elementos suficientes para conjecturar

Sobre a nova proposta para as relações filogenéticas dos principais grupos de dinossauros e as implicações em sua origem e diversificação

Esqueletos montados dos dinossauros mais popularmente conhecidos, o Triceratops horridus, um ornitísquio e o Tyrannosaurus rex, um terópode, no museu de história natural de Los Angeles. Os dois grupos de dinossauros foram unidos na nova proposta filogenética, formando o grupo Ornithoscelida. Em março deste ano de 2017 foi publicado na renomada revista científica Nature um novo  trabalho  sobre a filogenia dos principais grupos de dinossauros com base nas formas mais primitivas. Os resultados dos estudos realizados pelos pesquisadores Matthew G. Baron, David B. Norman e Paul M. Barrett (afiliados à University of Cambridge e ao Natural History Museum em Londres) modificam de forma significativa as relações de parentesco conhecidas para os principais grupos de dinossauros há mais de um século. Explicando de modo geral, filogenia é um método de análise evolutiva que visa agrupar os organismos de acordo com características em comum, estabelecendo relações de parentesco e e