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A megafauna brasileira do Pleistoceno


Texto por: Geisel Oliveira e Luciana Ingrid Farias


    Na época geológica chamada de Pleistoceno, viviam aqui no Brasil, um conjunto de animais de grande porte (mais de 44kg), que hoje são denominamos de megafauna do Pleistoceno. Essa época durou aproximadamente de 2,5 milhões de anos até 11 mil anos atrás e foi marcada por uma grande instabilidade climática.  Por milhões de anos, as faunas da América do Sul e da América do Norte tiveram caminhos evolutivos independentes até que, há aproximadamente 3 milhões de anos, ocorreu a formação do istmo do Panamá. Este evento possibilitou a imigração de espécies entre as Américas do Sul e do Norte. Chamamos este marco de O Grande Intercâmbio Americano (Figura 2) e é essa fauna já “misturada” que viveu aqui no Pleistoceno.

Figura 1. Representação da Megafauna de mamíferos do Pleistoceno. Preguiça gigante Eremotherium laurillardi (A); Tigre dente de Sabre Smilodon populator (B); Urso Arcthotherium wingei (C); Semelhantes aos tatus os Pampatérios Homelsina paulacoutoi (D); Gliptodonte Glyptotherium sp. (E); Mastodontes Notiomastodon platensis (F); Toxodonte Toxodon platensis (G); Cavalo americano Hippidion principale (H).

Figura 2. Representação do Grande Intercâmbio Biótico Americano e formação do istmo do panamá. Fonte: web


    Mastodontes, Gliptodontes, Preguiças gigantes, Tigres Dente de Sabre, Toxodontes e cavalos que viveram e foram extintos nas Américas. Alguns dos animais da megafauna pleistocênica são conhecidos por uma região denominada Região Intertropical Brasileira RIB (figura 3). Esses animais representam táxons de espécies já extintas (Figura 1), e em alguns casos com representantes atuais, como por exemplo as ordens:

Carnivora: Felinos de grande porte, como Smilodon populator que pesavam em torno de 220 a 360 Kg, caçando animais de grande porte como preguiças terrícolas e mastodontes. O Urso Arcthotherium wingei com peso entre 43-107 Kg e que deveria possuir uma dieta onívora.

Pilosa: dentro dessa ordem estão às preguiças terrícolas (já extintas) as preguiças atuais e também os tamanduás. A espécie Eremotherium laurillardi era uma preguiça terrícola que vivia na RIB, podendo chegar a seis metros de comprimento e quatro toneladas. 

Cingulata: Pampatérios e gliptodontes. Os gliptodontes, considerados pastadores e com massas variando entre 1.000 a 2.000 Kg. Os gliptodontes diferenciam-se dos pampatérios (e demais tatus) principalmente pela ausência de bandas móveis na carapaça.

Proboscidea: Na RIB ocorre apenas uma espécie pertencente a esta ordem Notiomastodon platensis. Viviam em bandos, provavelmente compostos de fêmeas adultas e jovens, além de filhotes, semelhante a estrutura observada em populações de elefantes atuais. Generalistas e com massa corporal em torno de quatro toneladas.

Notoungulata: São duas espécies de Toxodons desta região, a exemplo Toxodon platensis. Essas duas espécies apresentaram dietas bastante semelhantes e suas  massas eram em torno de 1.100 Kg.

Perissodactila: Existiam duas espécies de cavalos, uma delas chamada Hippidion principale. Esses cavalos foram extintos e posteriormente foi introduzido nas Américas, o cavalo europeu pelos espanhóis. Ambas as espécies de cavalos pleistocênicos eram consideradas pastadoras, com massas em torno de 300 Kg.
Figura 3. Região Intertropical Brasileira (Dantas, 2012).

   Atualmente acredita-se que o que levou à extinção desses animais tenha sido um conjunto de fatores como mudanças climáticas, patógenos ou ainda interferência humana, seja pela matança desses animais, ou pela alteração dos ambientes em que esses animais viviam. Ainda há pouco registro que dê suporte a hipótese de que o homem teria tido alguma influência na extinção da megafauna. A extinção do Pleistoceno matou principalmente os animais de grande porte, sendo os pequenos animais pouco afetados. 

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