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Mostrando postagens de dezembro, 2016

"A formiga só trabalha porque não sabe cantar"?

Hygronemobius sp. cf. carregando semente de Ischnosiphon arouma. (F. D. Santana) Uma das perguntas mais feitas a um biólogo é: “Mas pra que esse bicho serve?“ Para responder, muitas vezes, usamos a tão famosa resposta: “Todo organismo tem sua função no ecossistema...”, ou uma que eu particularmente gosto de usar: “No mínimo, ele é comida de alguém.” Mas talvez essa resposta surja apenas como uma forma de dizer: “Cara, sobre esse bicho, exatamente, eu não sei, mas ele faz alguma coisa aí...” Não que os animais dependam de nós entendermos sua função para terem seus hábitats e sua vida respeitados, mas ao relacionar sua existência a uma função, as pessoas acabam por reconhecer a necessidade de protegê-los. E é, também, para isso que existem tantas pesquisas estudando o nicho de alguns animais ou plantas. Os grilos são desses bichos pouco compreendidos. Muitos os conhecem apenas pelo  “canto”, outros os associam a poderes místicos, ou se recordam pelos contos, como o Pepe, o

Você já ouviu falar em computação biológica?

Computação é um termo com um significado bem mais abrangente do que se imagina. Vai além de computadores, fios e circuitos eletrônicos com transistores. A computação é um processo universal, que ocorre, inclusive, em redes biológicas. Por exemplo, podemos imaginar um neurônio que recebe diversos “ inputs ”, e irá gerar um “ output ” específico após um evento de computação, onde o neurônio de alguma maneira integra todos os inputs e seu peso relativo e gera um output . No caso da maioria dos neurônios, que têm comportamento binário, ou seja, seu output sempre será 0 ou 1, já que a partir de um certo limiar, os neurônios sempre irão “disparar” emitindo potenciais de ação. Imagine o output como sendo 1 e, abaixo deste limiar, o output é sempre 0, ou seja, o neurônio dispara ou não dispara,  sem a possibilidade intermediária de um disparo menos intenso.             É interessante a convergência entre esse padrão de processamento desenvolvido ao longo das eras pelos cér

De onde veio seu cachorro?

            V ocê possui um cachorro? Você conhece algum dog? Já se perguntou de onde o melhor amigo do homem surgiu pela primeira vez? Há a hipótese de que os cachorros tenham se originado a partir da domesticação de lobos, sendo que, posteriormente, teriam surgido as inúmeras raças de cães por conta de cruzamentos de espécimes selecionados pelo ser humano (buscando potencializar alguma característica específica em uma linhagem). No entanto, existem algumas perguntas ainda não completamente respondidas, tais como: em qual lugar do mundo ocorreu a domesticação? Quando ela ocorreu? Isso ocorreu somente uma vez? Prepare-se para conhecer a história de alguns canídeos anciões e suas histórias intrigantes.      A partir da análise e datação em rádio carbono (que de forma sucinta indica a ''degradação'' de um átomo de carbono que ocorre aproximadamente a cada 5730 anos) de genoma de um pedaço da costela de um lobo primitivo desenterrado na Sibéria, Ásia, constatou-s

Coprólitos: quando cocô se torna importante

Paleontologia é um tipo de estudo que com o passar dos anos se mostra cada vez mais popular. Isso porque alguns anos atrás eram poucas pessoas que sabiam do que se tratava e da sua importância. Mas, hoje em dia sabe-se mais dessa ciência já que não é mais restrita aos cientistas e universidades, quase todo mundo se interessa em saber a história da Terra e da vida que há ou que já esteve aqui. Diferente do que muitos pensam, a paleontologia não se restringe apenas ao estudo dos fósseis, o que restou de seres vivos ou evidências de suas atividades na Terra preservadas em diversos tipos de materiais, isso seria ver uma parte muito redutora e limitante dessa ciência. É com base nos fósseis que a paleontologia procura também estudar outros aspectos, como a vida e seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, aliado à geologia (estudo da estrutura, propriedades físicas e composição do planeta) da Terra. Então, leitor, é aí que você me pergunta: o que tudo isso tem a ver com cocô?