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Pterossauros: Répteis Voadores do Passado


Por Gabriela Goebel, Letícia Medeiros Larroyd e Pamela M. W. Giuffre

Os Pterossauros são considerados os primeiros vertebrados capazes de voar, sendo répteis que existiram há 230 milhões de anos (início do período Triássico) e tendo convivido com dinossauros e aves ancestrais.

A maior diversificação de espécies ocorreu no período Jurássico. Eles desapareceram há 65 milhões de anos (final do período Cretáceo) na grande extinção que também afetou os dinossauros. O primeiro fóssil foi encontrado em 1784, porém foi interpretado como um animal aquático. Já em 1801, Georges Cuvier constatou que se tratava de um réptil voador com asas compostas por membranas que conectam os dedos dos membros superiores ao corpo do animal, dando origem ao nome pterodáctilo (do grego "pteros"= asas e "dáctilos"= dedos).

Existem evidências de que os Pterossauros viviam em ambientes aquáticos ou próximos a cursos d'água, devido aos locais em que foram encontrados fósseis e ninhos. Além disso, o crânio desses animais tinha grande variação, evidenciando dietas especializadas. Acredita-se que alguns pterossauros com crânios alongados e dentes capturavam peixes e pequenos anfíbios ancestrais. O Pterodaustro possuía um focinho alongado com dentes finos que podiam ser utilizados para coleta de pequenos organismos aquáticos. Existiam ainda animais com a capacidade de retirar caracóis de rochas e depois triturá-los com seus dentes.

De acordo com o registro fóssil, sabe-se que os primeiros Pterossauros eram pequenos, com apenas alguns centímetros e mandíbulas cheias de dentes e cauda longa. Já os pterossauros do Cretáceo podiam ter até 13 metros de envergadura, tinham mandíbulas com poucos dentes, e sua cauda era curta. Da mesma maneira, acredita-se, pela análise dos ossos, que podiam ter postura ereta. Eles ainda possuíam cristas grandes e elaboradas, que podiam variar em tamanho e forma, dependendo da espécie. Acredita-se que elas podiam ter função de exibição (seleção sexual e acasalamento), reconhecimento entre espécies, e até mesmo função de regulação térmica, já que foi constatada a existência de vasos sanguíneos na região.

Suas asas eram compostas de membranas dérmicas reforçadas, presas ao quarto dedo (alongado) dos membros superiores e ligadas às laterais do corpo e aos membros posteriores. Eles possuíam um osso a mais no pulso, chamado de pteróide, que auxiliava no suporte desta membrana.

Os Pterossauros compartilhavam algumas adaptações anatômicas para voo com as aves, já que possuíam ossos ocos para redução do peso, osso para ligação dos músculos do voo bem desenvolvido, olhos grandes, grande porção do sistema nervoso associada à visão e cerebelo (associado ao equilíbrio e coordenação dos movimentos) grande, considerando o tamanho de outras partes do sistema nervoso.

Além disso, o Brasil tem uma importante contribuição para o conhecimento dos Pterossauros pelo registro fóssil, tanto pela quantidade de fósseis quanto pela qualidade de preservação. O Caiuajara (Caiuaja dobruskii), por exemplo, representado na ilustração abaixo, foi uma espécie descoberta no sul do país.



Ilustração do Caiuajara (Disponível em: http://www.avph.com.br/jpg/caiuajara1.jpg).



Referências


Atlas virtual da pré-história. Pterossauros. Disponível em: <http://www.avph.com.br/pterossauros.htm>. Acesso em: 07/04/18;


Brasil é destaque em exposição sobre pterossauros em NY. BBC Brasil. 2014. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/videos_e_fotos/2014/04/140406_galeria_pterossauros_ac_fl>. Acesso em: 10/04/18.
Centenas de ovos de pterossauros descobertos em escavação revolucionária. National Geographic. 2017. Disponível em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2017/11/centenas-de-ovos-de-pterossauros-descobertos-em-escavacao-revolucionaria>. Acesso em: 09/04/18.
KELLNER, A. Cristas e sexo na vida dos pterossauros. 2011. Disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/2574/n/cristas_e_sexo_na_vida_dos_pterossauros>. Acesso em: 10/04/18.

POUGH, F. HARVEY; HEISER, JOHN B.; JANIS, CHRISTINE M. A Vida dos Vertebrados - 4ª Edição Editora: Atheneu, 2008.

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